Pinheiro do Vale Urna fechada, jogo jogado. O ex-presidente Lula sai fortalecido do pleito depois de demonstrar a seus aliados e adversários que não há outro nome além do dele na esquerda. Já a direita está cheia de imes, pois a reta final da campanha embolou o ninho tucano. Aecio, Alkmin e o indefectível José Serra embolam-se no partidor. As surpresas do primeiro turno serão poucas: nas grandes cidades as forças tradicionais lideram os resultados e vão se enfrentar novamente no segundo turno. A diferença é que daqui para frente as eleições estaduais e nacional de 2018 já estarão bebendo no pleito municipal. A esquerda não terá alternativa senão apostar em Lula. Não obstante a sucessão de bordoadas do corredor polonês que ele e seu partido atravessam, ou até por isto mesmo, somente o ex-presidente tem o couro duro o suficiente para não sucumbir. Com tudo isto e apesar de tudo, Lula ainda é o candidato com melhor “recall”. As pesquisas lhe dão entre 22 e 30 por cento na largada. Nenhum outro nome alcança este vigor. A proposta de Lula para sua campanha é um tiro certeiro: bater no fracasso do governo de Michel Temer. Não há como errar. Temer veio para concluir o programa mínimo do governo Dilma, liberando a esquerda do constrangimento de apoiar no Congresso medidas e reformas que já rejeitara lá nos tempos de Joaquim Levy e Nelson Barbosa. A expectativa com Dilma era de que mesmo a trancos e barrancos ela conseguiria conduzir o país até as eleições de 2018. Entretanto, o custo político seria inável para a esquerda, deixando-a a mercê das críticas dos tucanos. Embora não se possa sugerir que Lula fizesse parte de uma conspiração diabólica, o resultado do impeachment pode ter sido ao fim e ao cabo um negócio aceitável para o PT, trocando os dois anos finais de Dilma pelos oito de Lula entre 2019 e 2027. O primeiro grande movimento estratégico neste sentido, Lula está com seguindo levar a efeito: falando aqui e ali vai fazendo o governo Temer colar no PSDB. Embora quase não tenha representantes no ministério, os tucanos vão dando a cara para a nova istração. Esta é uma manobra fundamental, pois Lula vai precisar recompor a aliança com o PMDB para sua candidatura. Evidentemente o PMDB que estará a seu lado será aquela parcela confiável que só traiu Dilma no último momento. Os PMDBs gaúcho e catarinense continuarão a reboque dos tucanos, como já é tradicional. O Paraná está ainda indefinido, dependendo de como se sairá e como se posicionará seu líder Roberto Requião. Daí para cima no mapa todos os demais seguirão o acordo que a cúpula vai fechar, sempre garantindo uma boa parcela do poder. A candidatura Lula, portanto, é uma questão pacífica nas suas hostes. Enquanto isto, no ninho tucano trava-se uma briga de foice no escuro. O desastre na direita é a previsão mais provável. j3y19